As eleições municipais de Londres e as presidenciais dos Estados Unidos são ótimos exemplos sobre estratégias digitais para políticos.
Olhando as campanhas políticas que se sucedem no planeta, podemos saber como candidatos se destacaram com suas melhores estratégias de marketing digital. Uma informação é pacífica em todas essas eleições recentes, a campanha na internet é poderosa e barata. Mas, no Brasil a classe política reluta contra o novo, e até a presente data (junho/2016) não vemos grandes ondas digitais de campanhas políticas municipais.
Londres, Maio
As campanhas digitais por trás da eleição para prefeito de Londres não deixam dúvida de que a votação em cinco de maio foi um grande negócio. Claro, é bastante poder ser o gestor de uma das capitais mais importantes do mundo. A mídia social foi sem dúvida um campo de batalha chave para todos os candidatos – pois é uma das maneiras mais fáceis que pode espalhar a sua mensagem e amplificar as vozes dos seus seguidores.
As redes sociais já mostravam claramente quem estava ganhando: Sadiq Khan (prefeito eleito pelo partido trabalhista) recebeu 41% de menções do Twitter, bem à frente de seu rival mais próximo, o candidato conservador Zac Goldsmith, que juntos representaram 32% da conversa. Khan chegou às eleições com muito mais seguidores do que Goldsmith.
Khan realmente conversou nas mídias sociais para saber em que os londrinos estavam interessados, e essa abordagem sempre funciona. Ela humaniza a campanha e mostra que o candidato é alguém que representa uma ampla gama dos eleitores – o meio é a mensagem. O que ficou evidente para os londrinos é o quão pouco os candidatos estão usando o poder do povo, e como o eleitor se sente desengajado por não ser procurado. A ausência de engajamento na disputa londrina foi tanta que fez com que as pessoas pedissem uma injeção da excitação vista nas eleições norte-americanas. Nesse aspecto, em consultorias sempre deixamos claro que, em termos de Marketing Político Digital, a regularidade de publicação de conteúdo, a interatividade, a consistência, a transparência e a autenticidade é o que atrai e retém pessoas à uma causa.
O Evening Standard, jornal da capital britânica, enviou jovens para os EUA para descobrirem como as pessoas nessa faixa etária podem ser encorajadas a votar. O estudante James Tune, 20 anos, desse programa, que voltou de Ohio, disse: “As campanhas para prefeito realmente devem olhar para a mídia social. Os políticos postam coisas, mas eles precisam se engajar ativamente com as pessoas – olhar para o que as pessoas estão respondendo, convidá-los para as coisas, e envolvê-las. Afinal, os candidatos querem representar as pessoas.”
Nós e eles
A idéia de ver a eleição municipal de Londres, em perspectiva com as presidenciais norte-americanas, ajuda aos gestores de campanhas brasileiros se situarem. O que me interessa aqui é aquele plus que o candidato pode fazer, ao invés de entrar em detalhes como faço em outros artigos. Na nossa eleição brasileira muitos “Davis” surgirão. Esse nome é uma homenagem ao jovem herói bíblico que se tornou rei, usando a inovação e a inteligência na guerra contra um inimigo incomensuravelmente mais poderoso.
É evidente que muitos políticos tradicionais correm do digital, e claro, inventam desculpas, tipo, “ainda não será essa a eleição digital”. Só por esse posicionamento esse político já se torna vulnerável. Mas, muitos empreendedores mais abertos ao novo vão marcar a história em outubro.
Da campanha dos Estados Unidos só quero ficar com dois aspectos que seguem o raciocínio do conteúdo e do social, como linha de força para as campanhas políticas na internet.
O jornalista Sanders
A campanha de Bernie Sanders, que disputou primárias no Partido Democrata por indicação para a presidência e perdeu Hillary Clinton, primou pela utilização de conteúdos aprofundados no seu site, com guia de questões encabeçadas pela campanha. Os artigos mostram estatísticas para fundamentar as suas pretensões, aumentando ainda mais a sua credibilidade. Sua equipe de campanha também criou uma página no site que agregava notícias relevantes para as políticas de Sanders. Esse conteúdo não foi gerada pela equipe da campanha. O site fornecia opções de compartilhamento social bem fáceis. Ele pode ter perdido a disputa, mas saiu fortalecido, e essas táticas de marketing de conteúdo contribuíram certamente para aumentar a reputação de Sanders que teve sua influência política ampliada.
A social Hillary Clinton
A utilização dos meios de comunicação social de Hillary Clinton é sem dúvida o mais eficaz de todos os candidatos. Ela tem quatro milhões de seguidores no Twitter (o máximo proveito de todos os candidatos norte-americanos), 1,1 milhões de curtidas na sua página do Facebook (o máximo do partido dos democratas) e 217K seguidores no Instagram. Ela anunciou sua campanha usando YouTube e Twitter, e também tem contas do LinkedIn, Instagram, Facebook, Pinterest e Snapchat. Conta Instagram de Clinton destaca-se – ela usa hashtags e demonstra um senso de humor em suas mensagens, com táticas especificas para atrair influenciadores. A campanha também usou Periscope para eventos com livestream, mostrando que ela está disposta a abraçar as mais recentes plataformas de marketing de mídia social.
Como vimos, Khan conseguiu se aproximar mais do eleitor nas mídias sociais; Sanders usou seu conhecimento jornalístico para dar consistência a sua mensagem; já Clinton, para abrandar sua imagem de durona caprichou no social. São três aspectos estratégicos de campanhas que foram definidos e desenvolvidos. Vale a lição.
Esse post só fica completo com o seu comentário. O que você acha? O Brasil está indo por esse caminho?