No ano de eleições o torneio mundial de futebol evidencia fatores estruturais que já estavam ativos, mas agora ficam evidentes. É a copa das copas!!!
Nosso planeta suspenso em movimento no espaço tem testemunhado a adoção massiva de pessoas pela internet, o que está mudando a maneira de se relacionar, que implica em muitas e profundas mudanças para toda a humanidade. Uma das grandes características dessa revolução tem sido de deixar os atores da esfera pública bastante desconfortáveis, uma tendência em quase todo o mundo. O rápido crescimento das redes sociais tem atraído a atenção de estudiosos por sua facilidade de criar grupos funcionalmente voltados a fins específicos, com custo zero. Essas ações quando desenvolvidas de maneira adequada são altamente eficientes. Sua extensão virtual é frequentemente muito maior do que a de movimentos mais institucionalizados. O dinamismo da web não pode ser ignorado por regimes autoritários, que muitas vezes reagem de forma errada, tentando impedir as comunicações online livres. Por vezes tenta-se manipular a rede e as mídias sociais, porém essas ações tem se revelado infrutíferas ou prejudiciais aos países cujos líderes se comportam dessa maneira, mas o tempo revela que as pessoas vão sempre procurar se conectar com tudo que as novas tecnologias oferecem.
No entanto, se a internet oferece novas vozes, por vezes elas permanecem em um espaço restrito, ou seja, mesmo com a abertura disponível, o elitismo ainda permanece presente. É importante registrar que, por vezes, os formadores de opinião usam a web para fazer um discurso populista, mobilizando as massas do espaço online para as ruas. Na história das nações o cenário político do século XX foi mais ou menos o seguinte: o regime vigente, a mídia tradicional e o movimento social. Esse último geralmente não acontece a partir de reações emocionadas a determinados fatos, tal como aconteceu em junho de 2013 em todo o Brasil. Pelo contrário, os movimentos sociais raramente são espontâneos, na maioria das vezes dependem de organização cuidadosa e mobilização de recursos. A internet permite ressoar tudo que tiver bem desenvolvido para um público maior. Além disso, certos contextos funcionam como janelas de oportunidades de marketing político, como a Copa do Mundo, por exemplo.
Os grupos organizados no poder sempre dependeram dos meios de comunicação tradicionais, para conferir-lhes um mínimo de legitimidade pública, em maior ou menor grau, dependendo da democratização e comprometimento com os anseios dos cidadãos. Esses meios geralmente controlam ou são controlados pelos grupos que dominam o estado. Porém, agora temos uma nova batalha para formar a opinião pública, travada entre as redes sociais e as comunicações tradicionais de massa. Os novos atores usam a internet para atrair a atenção de grandes massas e gerar coalizões. Os governos são instados a interagir com as redes sociais, blogs e outras plataformas, de forma massiva, o que lhes tira da inatingível zona de conforto, outorgada pelo poder. Não, não é mais como era antes. Os governos agora promovem comunicações mais sensíveis e transparentes, não confiam apenas nas propagandas retumbantes.
O Brasil e a Globo
A Rede Globo é uma gigantesca organização de comunicação, com muitos negócios derivados, seu poder é incontestável. Mas, com protestos dirigidos especialmente contra sua marca nas manifestações populares de 2013, a rejeição ao grupo econômico foi para as ruas, ressoando nas mídias sociais, sem nenhuma edição. No mínimo, como reação, podemos conferir uma presença menos hegemônica da emissora nas comunicações no Mundial de Futebol, muito embora os direitos exclusivos de transmissão já haviam sido adquiridos há sete anos antes. O que se discute aqui é a forma. O acontecimento de futebol de incomensurável capacidade de mobilização da nação brasileira desta vez conta, especialmente, com uma plateia de três bilhões de espectadores do mundo inteiro olhando para o país. Claro, houve uma aposta dos meios de comunicação tradicionais no fracasso do evento esportivo, o que também comprometeu a presença da Globo no torneio. Um fato resiste a análises, desde as manifestações da Copa das Confederações, no ano passado, a grande imprensa não é mais a mesma, consequentemente, o Brasil não mais o mesmo.
Tendências no poder
Regimes já caíram com movimentos provocados nas redes sociais. Alguns países reagem de modo pró-ativo, investindo em tecnologia, permitindo maior acesso das pessoas à web, como recentemente, no Brasil, a disputa pela neutralidade da internet rendeu bastante apoio ao governo nas redes sociais. As blogosferas internacionalmente desafiam o jornalismo tradicional, com coberturas mais livres de eventos estratégicos. Claro, existe simbiose entre blogueiros e grupos políticos, mas a criação dessas plataformas é muito vasta e a consequente produção de conteúdo é livre e variada, e está longe de ser controlada por pequenas elites.
Nessas eleições percebe-se que a ideia de atacar o oponente é mais forte do que um discurso construtivo. O governo tem mostrado muito pouco para mudar o quadro de 12 anos de PT no poder, o que é um continuísmo político. As oposições também não mostram opções de mudanças claras para justificar a alternância no poder. A oposição não é criativa, talvez devido ao costume de promover grande manipulação nas comunicações de massas, como se pode comprovar na história do marketing político nacional, o que acabou por tirar a vantagem estratégica desses grupos políticos habituais, num momento de grandes inovações. O que vemos é que não existe realmente uma agenda ou programa claro de inovação social, econômica e científica, que é o cenário mundial. Falta proposta, falta relacionamento e falta criatividade no marketing político digital.
A mídia está mudando
Vemos que muitas das grandes empresas jornalísticas estão investindo em plataformas online para não submergir. Numerosas empresas digitais de notícias, recém fundadas, tem se mostrado dinâmicas e atuantes, como também muitos profissionais independentes estão com grandes blogs. Se a participação popular na internet ainda não é a ideal, certamente é muito influente. E de uma coisa pode-se ter certeza, a comunidade dos blogs está realmente muito empenhada, tendendo a ocupar mais espaço. É evidente, com o tempo, aqueles que representam valores ultrapassados irão se distanciar do poder. Vou repetir, é preciso inovar!