Ainda as mudanças são as principais pautas para os políticos em 2014, o fator digital parece ter se tornado o eixo do mundo, como seria possível fazer política esquecendo disso?
Na virada do milênio as grandes campanhas de marketing tradicional foram responsáveis por grandes conquistas de poder. Os profissionais ganharam somas fantásticas e tornaram-se célebres, com direitos a grandes homenagens oficiais, provando que o conhecimento estratégico sempre foi o melhor caminho para o poder. Mas, esse cenário foi bastante alterado com uma variedade de fatores que realmente estão fazendo uma revolução de dimensões imensas, mas, ainda sem uma clara visão global. Contudo, podemos refletir sobre muitos pontos focais para compreender melhor o quadro, assim teremos um “instantâneo fotográfico” para contemplar.
No mundo digital se prevê para 2014 fatos como, amplas reformulações de marketing no Twitter; crescimento do Google +; ainda haverá grandes aumentos no tráfego vindo dos celulares; mais facilitações para pagamentos online; estará em alta a discussão sobre privacidade; grande valorização das marcas; e, por último, um grande aumento no faturamento de marketing digital. Pode-se ver que algumas dessas previsões que estão circulando dizem muito sobre tecnologia, enquanto a maioria delas trata especificamente de comunicação que é o nosso foco aqui.
Com esse olhar podemos nos voltar para o marketing político digital que vai exigir ainda mais profissionalização, pois as frentes abertas pelas novas tecnologias são muitas e a cada instante aumenta mais, fato que tira candidatos e gestores de campanha da zona de conforto e os arrasta para uma aventura nesse mundo das novas comunicações. Claro, ainda irão prevalecer arranjos antigos no mundo político com lideranças regionais a ditarem regras, por enquanto, mas, é chegada a hora de profundas reformulações nas relações político-eleitor.
A mídia tradicional sempre foi poderosa para pressionar quem manda, mas teve seu poder dividido, fato inegável. Um blog pode viralizar uma matéria e disputar com grandes veículos da mídia tradicional. O viral não é inócuo, mesmo quando ele promove brincadeiras e bizarrices ele está provocando grandes mudanças, pois está indicando novos caminhos. O século passado começou com o fim da Primeira Guerra Mundial, alguns acham que foi no começo, ou seja, seria em 1914 ou 1918, o atual talvez deva ter começado em 2008 com a explosão da Internet, enfim, depois será avaliada a data, mas o marco certamente será digital.
As mídias sociais estão superando os jornais e as TVs que se veem com a credibilidade escorrendo para o ralo. O próprio marketing está sendo inteiramente reinventado, e as grandes agências tipo aquela do seriado “Mad Men” estão em check. A velocidade das novas comunicações supera os ágeis fechamentos de edições de jornais, ou edições corridas ainda nos carros link das emissoras de TV. Tudo ficou ainda mais rápido, quem não acompanhar esse ritmo sentirá vertigens e certamente tombará.
A Internet e as redes sociais transformaram-se em fóruns permanentes com grande poder informal, mas concreto, que será delegado a quem se afine com essas vozes. Os sindicatos e os partidos políticos foram expulsos das ruas em junho de 2013, por vândalos ou manifestantes como se queira chamar, e os veículos de imprensa tradicionais também não foram bem vindos. O Movimento Passe Livre que se iniciou em São Paulo se espalhou rapidamente por centenas de cidades de todo o país, com grande repercussão mundial, comprometendo o brilho da Copa das Confederações e da Seleção Brasileira de Futebol. Ultimamente ganhamos um novo personagem nessa novela, os rolezinhos que provocam amplas opiniões em todas as posições sociais e políticas, um fato resiste claro: ele só foi possível porque as mídias sociais que conseguiram levar grandes massas de jovens em poucos instantes a lugares pontuais. Está claro que os canais convencionais estão ficando esgotados.
Então, vemos que nesse quadro chamado Brasil-2014, apimentado com a Copa da FIFA, a comunicação política online não poderá se omitir sobre as manifestações e a qualidade de vida que pode ser dois dos grandes temas debatidos. Quem quiser atrair o ativismo digital não poderá levar com pauta genérica, o desafio para os partidos e os candidatos é um abismo de vozes heterogêneas. A democracia é um sistema representativo que parece agora dar um salto com o novo cidadão online. O melhor é aceitar, acolher e aproveitar, muitos países já acumulam grandes mudanças revolucionárias com as novas tecnologias, como foi com o Canadá, a Islândia, a Irlanda, a Estônia, a Bélgica, entre outros. Pode tocar a Sinfonia do Novo Mundo, pois o que vemos neste momento histórico é semelhante à descoberta da América!