Disputa intestina, tão bruta quanto qualquer guerra cuja verdade é a primeira a ser suprimida, mostra que também é necessário estupidez para ser soldado.
Não se enganem, a guerra eleitoral no Facebook está fervendo, e ainda nem começou o período legal para fazer propaganda eleitoral. O PT e o PSDB estão fazendo carga pesada de artilharia, um contra o outro. Os militantes de ambos os lados estão diligentemente tentando separar seus candidatos das sujeiras que voam na rede, procurando seus alvos, mas, sempre podemos ver que a guerra ainda é por assédio e não por argumentos inteligentes.
O número de usuários do Facebook no Brasil oscilam, segundo as fontes, mas superam, é certo, a marca dos 76 milhões, situando-se atrás apenas dos EUA e Índia. Sendo que em termos de acessos o nosso país ultrapassa o país asiático. A Índia concluiu a maior eleição do mundo em maio, com a derrota do grupo que ocupava o poder há muitas décadas, resultado de muitas mudanças, mas principalmente da interferência das novas comunicações no pleito, segundo muitos especialistas. No Brasil, em 2010, a internet pesou a favor de Dilma Roussef, a partir de uma grande rede de blogs que militava a seu favor, e ainda as mídias sociais não estavam tão fortes e politizadas como agora estão.
Os marketeiros estão atentos ao poder das redes sociais com muito respeito, desde as movimentações de junho de 2013, por isso os investimentos estão pesados em equipes especializadas. Estima-se em 30 milhões o valor dos recursos destinados a montagens das bases digitais para a eleição presidencial de 2014.
Debate menor
Como diziam os monges escolásticos na Idade Média, “Refute-me, irmão, se for capaz”, demonstrando o poder retórico da discussão desses religiosos, mostrando como o marketing foi feito, antes da Inquisição, para fundar o Império Cristão. Podemos ver um quadro bem diverso no proselitismo eleitoral do país na rede social de Zukenberg, que é o oposto de um debate de idéias.
Ataques abertos, partindo de milhares de perfis, verdadeiros ou fakes, cruzam as timelines como mísseis, evidenciando que para a maioria da militância é mais simples atacar do que expor justificativas válidas para as políticas que disputam o poder na internet.
Táticas agressivas
O partido do PSDB entrou com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) solicitando punição ao PT, para que seja responsabilizado por criação e manutenção de perfis falsos no Facebook, de onde partiriam ataques ao pré-candidato à presidência da república, Aécio Neves. Segundo a petição, as críticas partiriam de aparelhos da Prefeitura de Guarulhos, administrada pelo Partido dos Trabalhadores.
Dentre as agressões, citadas no processo, está a criação da página “Aécio Boladasso”. O partido quer punição para a prefeita da cidade paulista. Do outro lado, a gestão municipal acusada afirma não conhecer as atividades mencionadas à justiça. Diz que abrirá investigação administrativa para apurar qualquer atividade eleitoral em equipamentos públicos sob sua responsabilidade.
Por outro lado, Franklin Martins, responsável pela campanha de Dilma na internet, afirma que está pronto para denunciar o “jogo sujo”. E na rede de apoio digital ao PT, o jovem, criador de “Dilma Bolada”, com mais de 1,1200 fãs garante que foi procurado por assessores do PSDB, com uma oferta de mais 500 mil reais, discutidos por uma agência de publicidade e por outro autor de páginas contra Dilma para comprar sua página, “Dilma Bolada”.
“Dilma Mente”, “Festa do fim da carreira de Aécio Neves”, “Aécio Boladasso”, “TV Revolta” são algumas das principais páginas em franca artilharia. Alguns disfarçam os posts em ironia velada ou revolta civil, mas, no fundo o objetivo social só convence os mais ingênuos, trata-se de campanha aberta com artilharia pesada. Chegam até inventar matérias falsas e difamatórias, o que vai dar muito trabalho para a Justiça Eleitoral.
Essas frentes abertas na rede são feitas com investimentos muito baixos e permitidas por lei, o que deixa o marketeiro inexperiente com o digital atordoado, completamente fora de sua zona de conforto. A TV Revolta conta com um público de 3,5 milhões de fãs e atinge a um número estimado em 27 milhões de internautas, o que já deixa para trás muitos telejornais das TVs abertas ( o JN da Globo registra em média 16 milhões diários).
Na frente do PSB, do pré-candidato Eduardo Campos e Marina Silva, pré-candidata a vice, a estratégia ainda não é clara, mas, não precisa pensar muito para ver que se aposta no desgaste dos dois primeiros envolvidos. Trata-se da estratégia do tertius, que foi usada pelos americanos para entrar no final da Segunda Grande Guerra, quando os Aliados e o Eixo já estavam bastante desgastados por anos de combate, o que deu aos Estados Unidos uma participação com grande vantagem estratégica, inclusive saindo como o maior beneficiário econômico na mudança depois da guerra que redesenhou politicamente todo o planeta. Até aí tudo bem, a chapa do PSD permanecer a distância da contenda entre os dois primeiros colocados, mas se não conseguir montar uma presença digital do porte da disputa nacional, logo estará em crise. Na verdade vemos que construir bem o relacionamento é a via menos procurada pelas partes envolvidas, mas, acredite é a estratégia que dará benefícios mais duradouros.
Relacionamento é a chave no marketing político digital
Referências:
http://jornalggn.com.br/blog/adriano-s-ribeiro/a-guerra-eleitoral-no-facebook